domingo, junho 25, 2006

O que sei

como os doces ficam mais brilhantes,
as palavras ficam mais doces,
e nós nos misturamos às palavras.
as coisas mais gostosas do mundo,
os sorrisos mais fofos,
mais gostosas e mais fofos que antes.
- se o doce antes da mordida já brilhava,
depois deve brilhar mais ainda -

e nós, perseguimos o vento.

Por Lis 7:25 PM
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sexta-feira, junho 23, 2006

Sojro

Eu sojro.
Tu sojras.
Ele sojra.
Nós sojramos.
Vós sojrais.
Eles sojram.

Entre a tese e a antítese, lá está sojro.
Sojro é o vácuo da lógica. Não respeita a lei da incerteza.
O sojro é a regra de ouro antieuclidiana e antiaristotélica.
Sojrarei. Sojrarás.
Sojro é um verbo que derivou de um substantivo que derivou de um adjetivo que derivou de um verbo que derivou...

- o criador da palavra e parceiro de divagações intraclasse:Rafael. -

Quero deixar bem claro:
Se tu és uma palavra, quero te comer.

Por Lis 8:16 PM
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terça-feira, junho 20, 2006

Singelo demais, Café depois.

Eu tenho uma vontade indescritível de comer palavras, porque simplesmente tenho um prazer esquisitíssimo em pronunciá-las. Os ésses sibilosos pelos dentes e os éles lambuzando o céu da boca. Cada som, qualquer fonema.
Devo essa peculiaridade, entre muitos outros, à Chico Buarque, que tem o tempero certo para a degustação da língua. Ao Chico, meus sinceros agradecimentos e felicitações, já que fez aniversário ontem. Não é alguém pra ser esquecido.

Café (pequeno expresso)

Amarga na boca o pôr-de-sol,
fazendo deslizar a sintaxe
da cerâmica - fonética -
até a língua.

Semântica de espuma,
dois torrões de métrica
e canela em pó.
- pois só em pó pode ser -
nas aliterações do fim da tarde.

Por Lis 1:48 PM
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sábado, junho 17, 2006

O Monólogo de Regina

-Ah, que estupidez a minha!
Eu com esses esquecimentos... Não posso mais esquecer de apresentar as pessoas, depois acontece algum constrangimento e a culpa é toda minha, que bobagem!
Olha, eu vivo esquecendo das coisas, hoje cedo quase esqueci de colocar as cerejas no ponche, o Carlos que me mataria se eu tivesse de fato esquecido...Espero que vocês estejam gostando da recepção, casa nova é essas coisas, no fundo dá aquele nervoso de deixar tudo arrumado até os convidados chegarem...
Ah, mas de qualquer forma...
É claro!! Vocês não podem esquecer de provar esses canapezinhos, eu mesma fiz o patê, uma mistura especial de ervas e queijos... O Carlos aprovou... Está uma de-lí-ci-a!!!
O que eu ia falando?
Ah sim, qualquer coisa chamem a Marlise, ela está servindo a todos, e se precisarem de algo, por favor, chamem-na, certo? Os banheiros ficam no corredor aqui no fim do hall de entrada, não sei se o Carlos já mostrou a casa pra vocês, ele sempre esquece de fazer essas coisas...
Enfim...
Divirtam-se, que eu preciso urgentemente chamar o Carlos pra trocar uma lâmpada, já que o eletricista não veio a tempo... De que adianta pagar se essas pessoas nunca chegam??
Oh, queridos, boa festa, se precisarem, podem me chamar, ok??

...

- Hãm... E o seu nome é?

Por Lis 2:09 PM
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quinta-feira, junho 15, 2006

Confessionário

Perdoa-me,
se puderes,
pois pequei.

Por olhar em teus olhos
e ver neles os meus,
sem lembrar que já eram teus,
antes de sequer olhá-los.

Por sorrir por ti
em sorrisos quebrados,
por rir, apenas, e rir de mim,
rir, simplesmente, por dentro,
completa de amores inventados.

Já que apenas inventei,
inventei teus olhos,
o gosto de tua boca,
até inventei um cheiro só teu.

Perdoa-me,
por ter esquecido de inventar,
entre os teus desejos,
teu desejo por mim.

Por Lis 5:47 PM
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